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Will Parisi
Cada dia mais distante! São assim as atuais relações humanas. O nosso vizinho se tornou o desconhecido, o estranho. As amizades precisam cada vez mais estar conectadas através da tecnologia e das redes virtuais. Desde o surgimento da TV, até os computadores portáteis, muita coisa aconteceu. Em uma passagem do livro “Condição Pós-Moderna” o filósofo britânico David Harvey descreve de maneira pontual as pessoas, “Quem sou eu? O de hoje, estupefato. O de ontem? Esquecido. O de amanha? Imprevisível”, essa indagação reflete a instabilidade das pessoas. O esquecimento se deve à falta de conexão com o passado, o estupefato, pela incessante busca do novo e o imprevisível pela instabilidade e velocidade com que as coisas acontecem nos nossos dias, e que muitas vezes não conseguimos absorver. Essa inconstância de ser tudo ao mesmo tempo, de ser um hoje e amanhã ser outro, deixa a tona a fragilidade do futuro, ao passo de tantas transformações.
Ao longo das últimas décadas, vários acontecimentos contribuíram para essas mudanças. Em algum momento qualquer um de nós ou nossos pais, passaram por fatos que romperam com a estabilidade de toda uma vida, como as novas tecnologias, as guerras, os conflitos étnicos e religiosos, os governos ditatoriais, as revoluções, os movimentos sociais e a globalização, que levaram o comportamento ao extremo, perambulando entre o isolamento e a possibilidade de interação instantânea. As novas tecnologias romperam as fronteiras de tempo e do espaço que separavam uma pessoa da outra. As distâncias foram aniquiladas e quase tudo pode ser resolvido ao clicar do mouse. O universo de soluções está ao alcance dos olhos. A dúvida é quanto à realidade dessa aproximação, uma vez que as relações se voltam para o mundo virtual e o contato real fica muitas vezes esquecido ou deixado para depois As relações tornam-se frágeis e cada vez mais raras, criando uma doença que cresce entre as pessoas, a individualização.
As vantagens atingidas pela sociedade atual como a abertura social, cultural e tecnológica, são infinitas e não são questionáveis. O que está em jogo é o que fazemos com ela, como nos portamos frente a uma nova maneira de viver consigo e com os outros. Esse afastamento entre as pessoas faz com que não se conheça mais quem está ao nosso lado, pois estão todos fechados no seu mundo, ligados aos seus fones de ouvidos e surdos para o que o outro tem a dizer.
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